Alimentos Funcionais




Além das funções nutricionais

Alimentos funcionais são aqueles alimentos ou ingredientes que, além das funções nutricionais básicas, quando consumidos como parte da dieta usual, produzem efeitos metabólicos, fisiológicos e/ou benéficos à saúde. Eles devem ser seguros para consumo sem supervisão médica. E sua eficácia e segurança devem ser asseguradas por estudos científicos (conheça os principais compostos funcionais investigados pela ciência).

 

Importância para a saúde

Atualmente, enfrenta-se um avanço das doenças crônicas degenerativas por conta de um estilo de vida desequilibrado que envolve maus hábitos alimentares e sedentarismo. O consumo regular dos alimentos funcionais pode ser uma alternativa para ajudar a conter o avanço dessas doenças.

 

Não é remédio

Alimentos funcionais não curam doenças, ao contrário dos remédios. Por possuírem certos componentes ativos, eles são capazes de prevenir ou reduzir o risco de determinadas doenças. Na sua forma natural, ou seja, como alimento, não apresentam contra-indicações e podem ser consumidos com tranqüilidade, sem prescrição médica. Sua ação vem sendo investigada sobre as doenças cardiovasculares, inflamatórias e intestinais, câncer, hipertensão, diabetes, certas afecções reumáticas e Mal de Alzheimer, entre outras.

 

Conhecimento antigo

O uso de certos alimentos na redução do risco de doenças não é coisa dos tempos atuais. Há cerca de 2500 anos, Hipócrates já defendia a idéia “Faça do alimento o seu medicamento". Mas somente no final do século XX, na década de 90, é que começou a haver um interesse renovado pelo assunto. Foi quando o termo alimento funcional foi adotado e o conceito ficou mais conhecido do público leigo e também dos pesquisadores, que intensificaram seus estudos sobre o tema.

 

Pioneirismo oriental

O Japão foi o pioneiro na produção e comercialização de alimentos funcionais. Conhecidos como FOSHU (Foods for Specified Health Use), os funcionais japoneses trazem um selo de aprovação do Ministério da Saúde e Bem-Estar. A lei japonesa foi elaborada em junho de 1997. Hoje vários outros países contam com legislação específica. No Brasil, as regras foram instituídas a partir de 1999.

 

Legislação brasileira

No Brasil, a indústria deve seguir a legislação do Ministério da Saúde. As Resoluções nº 18 e 19 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa (30/04/99) estabelecem normas e procedimentos para registro de alimentos e/ou ingredientes funcionais. Para se obter o registro, a empresa interessada deve formular um relatório técnico-científico detalhado, comprovando os benefícios e a segurança do uso do alimento. (Veja mais no site da Sociedade Brasileira de Alimentos Funcionais – www.sbaf.org.br).

 

Informações dos rótulos

Em princípio, o rótulo dos funcionais deve conter as mesmas informações exigidas para um produto convencional. Além disso, o fabricante poderá colocar o claim (alegação) de funcional ou de saúde previamente aprovada pela Anvisa. Por exemplo, em um alimento contendo proteína de soja, o seguinte claim poderá ser permitido "O consumo diário de no mínimo 25 g de proteína de soja pode ajudar a reduzir o colesterol”.

 

Como se beneficiar

Para se beneficiar dos alimentos funcionais é necessário que o seu consumo seja regular. O ideal é que as pessoas passem a consumir mais vegetais, frutas e cereais integrais, já que grande parte dos componentes ativos estudados estão presentes nesses alimentos. Uma outra dica é substituir em parte o consumo de carne de vaca, embutidos e de outros produtos à base de carne vermelha por soja e derivados (especialmente carne e isolados protéicos de soja) ou peixes ricos em ômega 3. No caso de alimentos funcionais industrializados, é preciso ficar atento e procurar saber se aquele alimento teve sua eficácia avaliada por pesquisas sérias. Para que os resultados sejam eficazes, o consumidor deve seguir as instruções do rótulo, utilizando o produto da forma recomendada pelo seu fabricante. Muito importante: esses alimentos funcionam somente quando fazem parte de uma dieta equilibrada, ou seja, se a pessoa estiver utilizando um alimento para o controle do colesterol, ela terá resultados positivos apenas se associá-lo a uma dieta pobre em gordura saturada e colesterol.

 

Produtos enriquecidos

Os produtos enriquecidos com vitaminas e sais minerais podem ou não ser funcionais. A maioria não é. Se o enriquecimento não comprovar qualquer efeito adicional sobre a saúde, o alimento deve ser categorizado como alimento enriquecido de nutrientes essenciais. Contudo, se estudos comprovarem a ação desse enriquecimento sobre alguma doença crônica não-transmissível ou, ainda, se esse enriquecimento vier acompanhado da adição de outros ingredientes funcionais, aí esse alimento poderá ser considerado como funcional.

 

Prevenir é melhor

Os consumidores estão cada vez mais conscientes da ligação entre saúde e nutrição. A tendência atual é dar preferência à prevenção e não à cura das doenças. Os consumidores querem diminuir os gastos médicos, envelhecer com saúde e qualidade de vida, além de neutralizar os danos causados pelo meio ambiente (poluição, microorganismos e químicos na água, ar e alimentos). As evidências científicas sobre a eficiência dos alimentos funcionais são crescentes, o que desperta o interesse e dá segurança ao consumidor.

 

Os industrializados

O mercado de alimentos funcionais industrializados tem crescido muito nos últimos anos. Em 2000, no mundo todo, já apresentava um potencial de vendas de cerca de US$ 70 bilhões/ano. Só no Japão, onde o conceito de alimento funcional surgiu nos anos 80, já existem cerca de 200 tipos diferentes de alimentos funcionais. Além do mercado Japonês, o de países europeus e o norte-americano a cada dia apresentam novidades nesse segmento. No Brasil, embora o mercado esteja em crescimento, ainda é tímido.

Fonte: Sociedade Brasileira de Alimentos Funcionais (SBAF) / Dra Jocelem M. Salgado (Profa. Titular de Nutrição - ESALQ/USP e Presidente da SBAF)

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